19 de junho de 2010

A Gota D'água.

Aaah, como é bom suspirar através de palavras! Depois de um período cansado, nada melhor do que deixar os dedinhos irem batendo no teclado pra escreverem o que der vontade. Sem regras e nem formatações. 
Hoje liguei a tv e vi água, muita água! Enquanto procuro os contornos perdidos, apenas encontro água. Ondas sem fôlego se formam no céu e as gotas, que embora caiam com tanto cuidado, encontram os lugares errados para deitar-se, depositando-se umas sobre as outras, sufocando-se e inquietando-se em ondas de medo. Procuro o chão bem varrido e polido, o aroma suave das flores que dão ao meu lugar um colorido vivo. Vejo-as regadas demais, tornaram-se túrgidas e estão envolvidas num balanço bonito de ser ver dentro das ondas desgovernadas. Algumas das gotas caem no telhado - única parte que ainda posso enxergar como antes, agora limpo e com uma cor viva de barro avermelhado -, seguem pelos únicos contornos que ainda restam, deslizam sutis, escorrem e, devagar passam a fazer parte do pequeno mar que afoga as flores.
A chuva entre mim é o sol criou uma massa cinzenta, mas ainda posso ver uma luz infinita e fios de raios amarelos e cheios de vida em minha direção. Vou puxá-lo pelos raios, vou chamá-lo, gritar por ele até que me escute e com um sorriso branco estonteante venha atrair gotinha por gotinha, deixando como lembrança apenas o chão úmido debaixo dos meus pés. Vou perdir-lhe que deixe as crianças-de-água voarem em volta de si, felizes, num voo sincronizado e divertido, gerando risadas gostosas regadas de inocência.
Seus olhos emocionaram-se com o meu chamado. Confio nele, confio na sua luz e ele pôde notar isso através da transparência dos meus olhos. Eu lhe dou força para atravessar as nuvens pesadas e ele me dá, através dos seus olhos molhados de emoção, o maior motivo que tenho para acreditar que as gotinhas vão voltar, uma por uma aos seus devidos lugares. 
Só então minhas flores vão chorar, suas células antes esticadas e vulneráveis vão se esvaziar e toda a água que elas abrigavam "floemará" para somente umedecer a terra. Quando isso acontecer, vou apenas deitar no chão, olhando para o azul riscado de branco no céu, respirar o cheiro de terra molhada misturado com o cheio inexplicável das tuas mãos, que vão tocar o meu rosto e depois correr pelos meus cabelos.

1 comentários:

Que coisa linda filha . Que leveva.Estás cada dia escrevendo melhor.
 

Postar um comentário