16 de dezembro de 2012

A Hora do Show

Menino no palco brincando de ser outra face, maquiado, vestido, fantasiado.
De lá ele assiste a plateia no escuro, contra a luz, quase completamente ofuscado pela luz dos holofotes. De lá imagina cada rosto de expectativa, não sabe quem cativa e de quem arranca risadas sinceras ou olhos molhados.
Ele interpreta, viaja no mundo irreal, vira ouro, vira pó, vira nó. Navega numa vida qualquer que vem da mente, que mente, sente e cria espetáculo inocente do personagem que se cria.
O menino dentro dos olhos grandes experimenta a fumaça do gelo seco, as cores das luzes, o tempo de vida da performance, que acaba com aplausos confusos, de palmas felizes com o fim da peça e palmas satisfeitas ao ver o menino real agradecer no final aos que assistiram vidrados o menino naquele papel.
Experimenta o ridículo, o fantástico. Dá cambalhotas, faz malabares, improvisa. De lá de cima ele tudo pode, é o dono que cria seu rumo, comanda fantoches, utiliza os espaços, cria laços, memoriza, inova, transforma.
Menino criado na mente, vive no absurdo, enxergando asas. O show termina, e nos bastidores encontra a vida.

0 comentários:

Postar um comentário