5 de novembro de 2012

Sei não

Sei não, não sei o que pensam, não sei o que penso, só sei que sei. Tava ali, parado, cansado, sorrindo, crescendo, andando. Falou que sabia de tudo, sei não. É esse silêncio daqui de dentro, barulhento, escorregadio, desafinado, condensado que manda o barulho de um lado pro outro, mistura, sacode, espalha. Um minuto de escrita, preciso de dois, uma tecla, preciso de duas, uma mão, preciso de duas, das tuas, das minhas, sei não. Em silêncio, sem palmas, sem calma, de alma, de vento, de luz. Em cada passo do vento uma folha que cai, árvore azul colocada no meio do mundo de dia tranquilo, dia marrom que insiste em mudar as cores das folhas, uma a uma. De folha em folha, amareladas, envelhecidas, estendidas no chão com cara de frio. Foram embora, moravam no galho se equilibrando no outono do norte que foi primavera no sul. Acharam na morada do chão firme, o dom de rolarem leves, sem equilíbrio, preguiçosas, espaçosas, olhando pro mundo de baixo pra cima, sem rima, com a cara daquele silêncio de meio barulho, sei não. Ou sim. Parece que não interessa pra mim. Cada não com gosto de sim, cada sim com gosto de não, amarrado no galho da árvore esperando o outono que manda cair. É negação, afirmação, meio vivo, meio morto, meio torto, sei não, tô nem ai.

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