22 de agosto de 2012

Encontros (e desencontros) de-mim-comigo

Pensamento acumula, palavra acumula, português e inglês se misturam sem saber o que falar.
Quanto mais dizem, menos sabem, mais reclamam, mais inflamam. De mundo em mundo, de fala em fala e de olho em olho, de um em um. Quem fala não transmite, quem transmite não fala. 
De que vale o dizer se não existe o que? A mente preenchida de vazio faz do corpo um transmissor vazio e a mente que explode de tão cheia faz do corpo uma sopa de letrinhas, sobrepõe e mistura as ideias e nada pode fazer.
Me perco na impotência de tantos pensamentos que não encontram destinos. O voo livre e fraco encontra pontos escuros em cada lugar. Cobre com pressa o corpo de retalhos escondendo o ser do si mesmo. Qualquer coisa se autoriza a se fazer oposta, qualquer capa procura o seu lado avesso ao invés do direito.
Se a palavra não sabe o que significa, que dirá o homem sobre o próprio significado se ele é feito de palavras?
Os extremos fazem do "só", o inteiro, e do inteiro, o só. O pó se espalha em cada lugar e se mistura em pequenos grãos. As decisões a gente não faz só, a distância a gente não faz só. A gente talvez nem faça de jeito nenhum.
Em meio a tantos lugares ele se perde em lugar nenhum. Os passos caminham em todas as direções na intenção da fuga-do-eu. Mas o eu está sempre ali, às vezes calado. Cada período da arte nega e renega o anterior. O que somos nós se não arte?
Alguns passos a mais e se veste as lentes nos olhos sem foco, criando contornos e cores, pintando. Pintando a vida em cima daqueles retalhos cansados. As lentes no si mesmo talvez enviem os olhos pro mundo lá fora, o mundo lá fora talvez minta sobre um só eu, porque nem sempre dois mais dois resulta em quatro.

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