27 de abril de 2012

Página branca

Os pés na areia, os olhos distantes, o choro confuso, o abraço apertado, o fim, o começo. As palavras. Fugiram as palavras. A ordem das árvores altera o passarinho. São estas azuis, verdes? E eles, o que veem? O que sentem? Onde pousam?
Direção. Em que direção? A rosa dos ventos voa com ele. Que bela confusão, o perfume voando inerte, aleatório. Perfume na página branca que nada diz, sem escrita, à procura do que representa, do que inala e da tinta no papel.
Frente e verso, fé e medo. Ora, mas não é certo que a página branca não é dona da ponta do lápis que a escreve? Mãos firmes que colorem, coração que perfuma e a próxima página. Desenho da flor a voar sem parar, sem parar. Companhia fiel de palavras sem fim, ali, ali, preparada para combinar as letras e expressões da face. Estranho amor da ponta do lápis. Pula linhas passa do papel, escreve o mundo, ultrapassa o necessário, comanda as cores. Árvores azuis? Verdes? Diga-me! Azuis? É assim que vejo, que sinto, que escuto daquelas palavras sem fim.
Capacidade. Um ano depois e fogem as palavras, porque são da ponta do lápis! Escrever dos olhos, uso do lápis guardado, uma linha de cada cor.

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