26 de dezembro de 2010

Distração

Um instante basta. Uma pequena distração e havia sumido. Voou, nem vi. Esperei o segundo seguinte, momento das lágrimas, da perda. Ora, mas se tem asas, não tem dono e, surpreendentemente, não é perda! Invadiram os sorrisos e olhares azuis. Criaram-se asas, saí do lugar, cheguei mais perto do sol. Descobri o poder de ir no banco de trás, na segurança daquelas mãos, ri sem saber o trajeto pra chegar aonde nem sei. Não é o destino que importa, mas o caminho. Caminho lento, livre das coisas cortantes, tecla por tecla em ritmo leve. Dias regados, cheios de mim e só de mim. Tornaram-se comuns os relógios iguais, o mundo a girar nos meus dias, só meus. Quero assim, peço assim, tenho assim, ponho pensamentos pra voarem pro lado de lá e vou descobrir até onde  são capazes de  alcançar. 

Ponto final

Respiração sufocada, ar que implora pra sair dos pulmões. Fugir da sina, do olhar de criança, do passado. Transformar a infância no futuro. Ser cuidado, ter cuidado, admitir culpa. É mãe dos seus pais, quer atenção, atrair os olhares. Guarda em suas páginas coloridas o que viveu, sabe que vai sobrar sua adolescência não vivida, o amor apenas sonhado. Deseja viver hoje o colorido de um passado em preto e branco, mas tem em todas as suas fotos a mesma pessoa. Causou mudança, não mudou, construiu cérebros, veias e corações e vai deixar estes pedaços. Caminha cansada com estrutura tão formada que já não se suporta. Ignora a maturidade que passou a vida tentando descobrir, carrega seus fatos. A tinta da sua caneta já se faz gasta e falha. Procura por si mas não sabe quem é, se esconde! Vive entre si e sua criança. De doce em doce, vive a delícias e morre amargura. Quer brincar de boneca e de casinha, finalmente acredita no grande amor que não vai ter. Tem a energia guardada de anos e seu corpo já não permite utilizá-la. Trabalho artesanal da vida, parte por parte, detalhe por detalhe, em nome de fôlego para mais algumas gargalhadas, algumas palavras, alguns afetos. Ponto final. 

1 de dezembro de 2010

Nem ligo

Abre gaveta, fecha gaveta, abre bolso, fecha bolso, abre armário, fecha armário. Procura, procura, procura.
Começou a procurar uma coisa, vai é achar outra que perdeu há muuito tempo! E eu quero lá saber do que perdi outro dia? Isso é mais importante! Maas, o que é mesmo que eu tô procurando? Enlouqueceu, foi? Procurando o que não existe! Pra quê? Vai criar, vai! AAAAHN, preguicinha! Eu ainda vou ter que descobrir o que é pra depoois inventar! Que cheirinho de pão doce quentinho! Vou ali na padaria, já chego.

4 de novembro de 2010

Sara, Sofia!

Pequenina, suave, lenta, aquática, sincera! No fundo do mar quente, no calor do ventre, sentiu a chegada da tempestade e nadou. Disse à vida: VIVA! Diga-lhes que somos uma só, respire lá fora com o dobro dos pulmões e receba a plenitude do amor que já existe por nós. Vou adormecer em ti, mas irás abrir os olhos para o mundo e darás às mãos que estarão em torno de ti também o dobro do calor. Vou voltar para Deus e terei comigo um pouco de ti também. Aprenderás o que não vou poder aprender, mas descobrirás o mundo duas vezes mais e estarás comigo entre nossos pais. Ocuparás todo o gramado do imenso jardim do nosso lar de forma tão plena e cheia de travessuras e aventuras vividas comigo que darás a eles lá de fora a certeza de que estou ali em tua companhia. Brincarás comigo, pequena Sofia. Serás filha de todo o cuidado dos que estão em torno de nós. Para sempre, vou ser pra ti tua Sarah, aquela que te sarou, que te deu um poder de vida muito maior e só preciso que tu e nossa família que já amamos tanto e já nos dá tanta atenção e carinho saiba disso. Estou aqui por você, vim te trazer para brincar de vida, nossos pais vão te ensinar todas as regrinhas e você vai se sair bem. Agora vai, linda Sofia! E lembra-te: a primeira batida do meu coraçãozinho foi por ti e a última também será. Estou indo feliz por te ter e poder fazer com que te tenham com todo o amor. Te deixo apenas responsável de levar essas minhas batidinhas, com o ser grandioso que sou, apesar de tão pequena e frágil, pro Papai e pra Mamãe.


Sofia nasceu prematura, de uma gestação de seis meses, e foi trazida com todo o cuidado pela sua irmazinha Sarah em 25/10/2010. Bem-vindas ao mundo, lindas! Porque o mundo é das duas e Sofia já representa muito mais do que duas vidas!

1 de outubro de 2010

Estacionamento

-Boa noite.
-Boa noite. Cpf na nota?
-Não, obrigada.
-Obrigada, boa noite.



Pra quêêêê tanto boa noite?

2 de setembro de 2010

Hoje e amanhã.

Insisto, resisto, existo e registro. Tenho página sem rumo, uma mais confortável, a página seguinte quer virar, aparecer, alinhar e amanhecer. O dia passa, o mundo gira e a noite vem. Do outro lado do mundo, tudo claro, aqui escuro e eu dentro da minha vontade de fazer girar tudo ao contrário pra poder enxergar o lado azul cheio de árvores. Sei, tenho que ir, sair daqui, parar de viver as letras só pra mim e te deixar caminhar por elas também. Difícil. Tenho medo de te deixar desfrutar dos meus sabores de um jeito mais "técnico e juiz", vai arder. Preciso te analisar, te fazer fantoche meu e viver a tua fantasia. Sou egoísta no mundo das fantasias, gosto das minhas, mas para realmente ser, sei que preciso das tuas. Te criar não é tão fácil quanto inventar a mim mesmo, sei que acordando para ti, corro riscos de gostar desse desafio. Sou amante do desafio que quer ser frio e precisa que alguém o esquente, é teimoso e necessita que alguém o manipule e o entregue ao seu próprio caminho. Perdoe-me, serei obrigado a te questionar. Fazer minhas próprias interrogações me engrandece, mesmo após ver folhas minhas - só minhas - irem embora com o vento. Preciso aprender como queres que faça as tuas e até então, me julgarás. Me dirás tuas preferências sem me dizer uma palavra. Serás instrumento meu pensando que sou teu, ou quem sabe serei teu, pensando que és meu. Hoje faço pra mim o que eu espero um dia ser pra ti, amanhã farei pra ti esperando que nos tornemos um só.

7 de agosto de 2010

Tráfego de mar

Ele aprendeu para ela como é que se ia vivendo, estalou os dedos pela primeira vez começando a ser. Depois finalmente nasceu pra ela. Tinha os olhos exaustos e as mãos ásperas de tanto trabalho, mas foi. Esteve com ela pela primeira vez, mesmo depois de tanto tê-la visto e tê-la vivido e tê-la sido. Dormiu e sonhou com ela. Navegaram calmamente em mares desconhecidos e distantes do mapa, desceram chaminés e deixaram presentes. Por medo de voltar a apodrecer, ele guardou consigo uma grande parte dele, usava o mínimo. Ela fingia que não notava, ou melhor, convencia a si mesma de que estava enganada ao pensar que faltava alguma peça, não confiou no poder que tinha sobre ele, no poder de ler o que ele era e simplesmente navegou. Até que um dia, ao acordar no barquinho, percebeu que estava só, só tinha restado dele a sua letra estampada no bilhete deixado embaixo de um dos remos. Ele achara insegurança no mar e fora para uma suposta terra firme. 
As lágrimas salgadas que escorriam do rosto dela cairam, insignificantes, no mar também salgado, até o sol secar seu rosto e ela ficar feliz por ter remos. Ele vira o sol durante o dia e o céu limpo e brilhante da noite e percebeu que ela era criadora de sorrisos, rotas e céus. Ele nadou de volta até ela. Pensou em desistir, mas lembrou-se do seu nascimento e continuou. Ela puxou-lhe para dentro do barquinho mas lembrava-se do percurso que estava seguindo. Ele a olhava de olhos calados, ela escutava de ouvidos surdos e só ao escurecer ele pôde descrever o que faltava. Falou sobre os monstros que moravam dentro dele e sobre como era sem realmente ser. Falou também que seu sorriso não era seu, mas apenas da sua boca. 
Ela fez pra si um barquinho de papel e ele ficou com o de madeira. Ela parecia estar num navio, mas não sabia ele o quanto cortava o vento ao bater no seu rosto. Ele se sentiu sozinho por vê-la ali ao lado, calada, limpa e levada facilmente pelo vento. Pediu carona. Entrou devagar no barquinho branco e frágil e disse-lhe que só voltaria à terra firme se fosse com ela. Foram os dois pelo oceano redondo buscando o ponto final onde o azul do mar se fundia com o azul do céu. Sabiam que demorariam a chegar, mas enquanto isso ele podia aprender aos poucos a sorrir como ela, com os pulmões e a veias, ao invés de usar apenas os músculos como antes. 
Um dia ela parou para nadar por perto do barquinho, divertiu-se nadando livre como se voasse no meio dos pássaros molhando-se em nuvens. Ele não quis ir, preferiu olhá-la de longe e sentir os olhos arderem de saudade. Ela voltou, ele a abraçou e aqueceu. O barquinho molhou um pouco mais e ficou ainda mais frágil, mas era só confiar no calor do sol que tudo voltaria ao normal. No dia seguinte, ao nascer do sol, ao invés de esperarem quietos que os raios fizessem seu trabalho, ele se mexeu e sem querer fez um pequeno furo no fundo do barquinho. Agora sim estão calados, se olhando, pedindo a ajuda do sol e pensando em como será o resto da longa viagem.

4 de agosto de 2010

Insistência

Replantar as palavras é o que quero fazer. Torcê-las e dar-lhes novas formas. Não tenho o que queres de mim. Meu querer está acima disso. Vou insistir que mudes tu, que não sofra ao ver as cores se misturarem e se espiralizarem. Olha ao redor, sente comigo a sensação plena que trazem as cores misturadas do jeito que elas quiserem. Respeita-as. Anda passando um pincel na parede, pintando ondas coloridas aleatoriamente. Sem medo de se pintar e sujar. Se entrega aos novos desenhos, dá gargalhadas até que teus músculos doam. Se entrega ao meu jogo, vem comigo ser livre. Se fores livres, me libertarás também. Se não me entendes, me prendes. Qual é a graça de brincar só? Qual o sentido de me divertir com essa bagunça se me julgas? Se não fores comigo, não vai ser tão pleno. Dentro de mim, vou pensar que estás me olhando lá de fora com um olhar enrugado e não vou correr tanto quanto quero, não vou pintar com tantas cores. Vamos, por favor! Me dá a chance de te mostrar o quanto é bom ir a esses lugares que eu nem sei se existem. Não olha para onde estão todos olhando também. Você é capaz de navegar nos mesmos mares que eu. Feche os olhos e descubra que essa é a melhor forma de abri-los! Pare de marchar. Corra, ande, gire, patine! Perca o ritmo. Ouça a música que tem vontade, ouça a música das coisas e não mais a dos sons. Desista do óbvio, desista do que te ensinaram, apenas sinta. Se você sentir, verá que não precisa de alguém que te ensine, virá comigo buscar outros. Será capaz de proporcionar bons momentos e sensações. Não! Não me olhe assim! Vem cá pra a gente mudar as paisagens, não faz essa tua confusão! Tu enxergas os contornos do que está próximo, o que está distante tu vês borrado. Tira essa lente, borra tudo! Mistura as cores! Permita que fiquem nítidos só os teus olhos e os meus, nada mais.

2 de agosto de 2010

Oitavo Andar

Você ai que eu nunca vi, basta ter a coragem, diz que é verdade o teu amor por mim! Me mostra a tua nostalgia, coloca em minha boca teu gosto de família. Canta a música que ronda os teus bairros, me mostra a tua alegria distante daqui. Anda comigo pelos teus canteiros, não vamos fugir de ninguém, apenas de mim, olhando pra qualquer lugar.
Desperta em mim a antiga saudade do que nunca havia visto pelas tuas janelas coloridas. Borda de azulejos um sonho bem distante daqui. Continua, de pulo em pulo, de passo em passo, cria e recria a melodia das tuas gargalhadas e me faz acompanhá-las.
Não me faça mal, não me queira mal, não me entenda mal! Aponta daqui do oitavo andar as verdades e mentiras e me diz qual o problema pra que eu tente consertar. Deixa que o teu sol mal-refletido, me permita respirar perfeitamente dentro desse abafado e que me ajude a compreender todos esses fatos. Me ajuda a aprender que os pés descalços agora molhados podem estar distantes da água em tão pouco tempo.
Me chama pra ir contigo brincar de amor. Me diz que atrás de uma floresta, existe sim um mar. Me deixa conhecer teu bem e teu mal. Toca aquele samba que ficou pra trás! Corre pra um lugar que eu não sei se existe, corre mais triste do que eu fazendo escandalos sem perceber que o chão se deixa molhar com tuas lágrimas. Não deixa a vida separar nós dois que só assim a vida vingará. Vem comigo sonhar de olhos abertos, tira de mim o medo de viver sem escudo protetor e me chama pra cantar contigo dentro dos teus sonhos, de qualquer canto onde eu estiver.



"É que ela é o caos, porém seu sorriso apaixonante ainda me atrai."


29 de junho de 2010

Comunicação

Quero escrever mas ainda não aprendi. Ainda não sei o que devo dizer. Na verdade nem tenho certeza do que já te fiz ler e não sei bem sobre o que estive falando. Talvez sempre sobre a mesma coisa, talvez sobre assuntos diferentes e inusitados.
As palavras não se encaixam, não se arrumam. Aliás, não no formato daí de fora, não para serem vistas claramente por quem as vê de fora pra dentro, mas do jeitinho daqui de dentro, do outro lado do espelho. Daqui, vejo tudo arrumado, organizado, mas olho pro outro lado e vejo também o teu rosto de dúvida. Através dele você me diz que sabe que daqui as letrinhas ficam mais nítidas e é possível enxergar perfeitamente, palavra por palavra, mas me diz também que tem se esforçado, angustiado, mas não consegue ver com os meus olhos. Te vejo ai se perguntando por onde estão meus olhos. Desculpe. Me dói não poder te explicar, te peço que acredite que não é minha culpa. 
Você quer passar de uma vez pro lado de cá, curioso, e eu quero te fazer uma visita para aprender a conversar contigo e, quem sabe, finalmente te fazer entender como eu (ou minhas mãos, ou meus olhos, ou seja lá o que for) funciono. Por enquanto, ainda não consegui pular esse muro, atravessar esse espelho, mas logo que puder, confie em mim, eu vou.
Todas as vezes, transmito a mensagem até ai e me parece natural. Escrevo linha por linha, rapidamente, nesse vidro que nos separa. Você olha e pensa: "ela não sabe escrever!".
Ops! Vou ter que mudar o rumo da minha auto-análise! Acabo de descobrir o que é talvez o verdadeiro "problema": talvez eu não saiba ler! Ora, quem não sabe ler certamente nunca escreveu duas palavras sequer! Devo estar tentando atropelar as coisas. Só depois que eu souber fazer uma boa leitura em teu formtato, posso aprender também a reorganizar as minhas palavras. Por favor, me ensina?!









Obs. Acho que nunca tinha conseguido ser tão objetiva nos meus posts!

19 de junho de 2010

A Gota D'água.

Aaah, como é bom suspirar através de palavras! Depois de um período cansado, nada melhor do que deixar os dedinhos irem batendo no teclado pra escreverem o que der vontade. Sem regras e nem formatações. 
Hoje liguei a tv e vi água, muita água! Enquanto procuro os contornos perdidos, apenas encontro água. Ondas sem fôlego se formam no céu e as gotas, que embora caiam com tanto cuidado, encontram os lugares errados para deitar-se, depositando-se umas sobre as outras, sufocando-se e inquietando-se em ondas de medo. Procuro o chão bem varrido e polido, o aroma suave das flores que dão ao meu lugar um colorido vivo. Vejo-as regadas demais, tornaram-se túrgidas e estão envolvidas num balanço bonito de ser ver dentro das ondas desgovernadas. Algumas das gotas caem no telhado - única parte que ainda posso enxergar como antes, agora limpo e com uma cor viva de barro avermelhado -, seguem pelos únicos contornos que ainda restam, deslizam sutis, escorrem e, devagar passam a fazer parte do pequeno mar que afoga as flores.
A chuva entre mim é o sol criou uma massa cinzenta, mas ainda posso ver uma luz infinita e fios de raios amarelos e cheios de vida em minha direção. Vou puxá-lo pelos raios, vou chamá-lo, gritar por ele até que me escute e com um sorriso branco estonteante venha atrair gotinha por gotinha, deixando como lembrança apenas o chão úmido debaixo dos meus pés. Vou perdir-lhe que deixe as crianças-de-água voarem em volta de si, felizes, num voo sincronizado e divertido, gerando risadas gostosas regadas de inocência.
Seus olhos emocionaram-se com o meu chamado. Confio nele, confio na sua luz e ele pôde notar isso através da transparência dos meus olhos. Eu lhe dou força para atravessar as nuvens pesadas e ele me dá, através dos seus olhos molhados de emoção, o maior motivo que tenho para acreditar que as gotinhas vão voltar, uma por uma aos seus devidos lugares. 
Só então minhas flores vão chorar, suas células antes esticadas e vulneráveis vão se esvaziar e toda a água que elas abrigavam "floemará" para somente umedecer a terra. Quando isso acontecer, vou apenas deitar no chão, olhando para o azul riscado de branco no céu, respirar o cheiro de terra molhada misturado com o cheio inexplicável das tuas mãos, que vão tocar o meu rosto e depois correr pelos meus cabelos.

Tudo branco

Frustração. Como é possível que toda aquela primavera seja tomada e varrida por uma imensa bola de neve, gelada e ritmada? Tudo foi consumido, restam apenas algumas pétalas no chão e uma ou outra flor que ainda tem a raíz frágil. Não deveriam ter resistido. Todo aquele gelo e ar frio podiam ter levado tudo mas, de alguma forma, sobraram alguns vestígios.
Pensamentos que não devem ser traduzidos, palavras que não merecem ser ditas. Interpretações incoerentes são amores perigosos. O cara e coroa, um lado e o outro da moeda decidem apenas o início da partida, mas não se pode prever o placar.
Então eu fico por aqui, dentro dessa relativa indiferença.









esse post tava aqui nos rascunhos e eu nem lembrava ;)

22 de maio de 2010

Retorno a novos ares

Após atingir alta velocidade, se inicia a calmaria, o sono profundo, o eu sozinho. Mas não, não dura muito. Depois de tanto desejar e finalmente alcançar momentos de paz e descanso, a maior vontade durante esse percurso que é agora sóbrio e inerte é de voltar a escutar o mundo girar rapidamente, o lápis a riscar o papel e as muitas e constantes falas de todas as vozes e em todos os ritmos.
Enfim novamente é possível ouvir o rugir dos motores, percebo que é chegada a hora de recomeçar a acelerar. Expectativas e ansiedades que foram bem guardadinhas por um tempo, agora começam aos poucos a escapar. Surge bem de dentro um olhar interrogativo e perdido a respeito de como tudo vai tomar impulso e se libertar assim como ocorreu um tempo atrás. Os títulos ganharam os itens do novo índice e se dá início um respirar fundo que antecede a introdução. Pensar, pensar para finalmente escrever, fazer e agir para uma adaptação da qual só se espera ser (finalmente) equilibrada e menos dolorosa. 
Lembrar... Lembrar de utilizar os momentos "aprendidos" e de onde estão as forças para manter-se acordado, alerta. É chegada a hora de assistir aos filmes que foram gravados e aperfeiçoar os papéis e personagens. Reler o roteiro, modificar algumas falas e se preparar para iniciar as novas gravações.
Voltar a subir, sair desse "descanso" entre os degraus, que só agora percebi estar disfarçado e que na verdade se chama tormento. É preciso estar sempre um pouco mais acima, se elevar sem parar nem descer no objetivo de chegar ao topo com asas perfeitamente formadas para poder experimentar um voo tranquilo, uma experiência que jamais foi vivida. Talvez por acomodação nesse infinito desejo de chegar ao fim da imensa subida, de evoluir mais e mais, os seres humanos não sejam capazes de voar.
O alvo? Não apenas realização, mas caminhar com segurança na corda-bamba que é a vida.

10 de maio de 2010

Segundos de overloque

Parou no meio da estrada, sem que ninguém escolhesse o trecho. Dentro do meu egoísmo atemporal, "incronológico", não sou capaz de situar. Que parte do caminho os raios de sol vão iluminar primeiro? Onde está o avesso? Onde está o certo? Pra que lado está o mar?
Numa linguagem distante, só é possível entender que o de dentro faz parte do de fora. Vivi o que não vivi, joguei cartas que não joguei num tempo que não pode ser chamado de passado, presente, nem futuro. Respiro momentos não meus, que nasceram antes de mim. Desloco o tempo, as cores, os aromas e lugares.
O caminho? Não sei. A estrada? Perdi. As histórias? Estão por ai, desorganizadas sem saber onde despertar. São simultâneas e distantes, embora escritas por uma mesma tinta.
Sorteio as palavras, escrevo o MEU avesso, pulo overloques, nada de linhas! Pontuo espaços aleatórios, perdidos. Permito que desvende tudo, mas falo apenas o que sou capaz, uns pequenos fiapos de som. Que fique guardado, que voe no avesso, que vire e revire ao lado comum.

É o antes, o depois, o sempre. Tudo no devido avesso do avesso do avesso do avesso...

22 de abril de 2010

Lucidez

Os olhos, tão fechados, tão escuros, estão quase abertos. Novas luzes, novas cores. Respiração, ar que circula agora sem esforço, com calma, com ritmo. Fim do esforço, da procura, das interrogações, agora só exclamações e reticências. Sorrisos naturais, condizentes aos olhos, antes fingidos, tingidos para esconder a mancha cinzenta, agora simplesmente coloridos e lúcidos.
Diálogo, dia longo, fim do dia, hora do despertar.

2 de abril de 2010

Conflitos do ser exato

Preciso discordar de você, querida física! Não tenho a mínima tendência a permanecer no estado em que me encontro, não sou a favor da inércia, sou uma constante luta contra ela. Sou da mudança, da inovação, das novas visões. E nem me venha com esse papo de que nada se cria, nada se perde e que tudo se transforma! Para ser capaz de afirmar tamanha besteira, você certamente nunca perdeu nada. Sendo assim, fico até feliz por você, mas devo dizer que a senhorita anda um pouco iludida a respeito da vida. Ah, e não me ofenda! Sou pura criação! Humanamente original, pelas mãos do maior Criador, aquele que inspira os que querem ver nascer o inusitado.
Você tem lá as suas falhas, mas devo admitir que descobriu umas das maiores verdades: tudo é relativo. Até você foi capaz de enxergar que a roda viva passa dos limites da velocidade da luz. Mas, ainda assim, preciso te alertar: se é relativo, acabaram-se os cálculos! Já chega! Descanse, sonhe, CRIE!
Pode crer, criar É necessário. Nunca fomos melhores amigos, mas, vamos voar comigo?

16 de março de 2010

Passos e espaços

Quero ir, quero seguir, mas quero SIM olhar para os lados, apreciar o caminho, desvendar as possibilidades, ver detalhes.
Preciso não só ver, mas enxergar, perceber. É nesse caminho que vou, o das percepções, o das leituras. Quero pra mim uma infinidade de mundos, cheiros, sabores, cores. Quero pequenas partículas, pequenas falhas ou pequenas perfeições. Vou carregá-las comigo e torná-las enormes, gigantes, expandir, detalhar, desvendar!
Levo "pouquinhos" para transformá-los mais adiante, agregá-los, integrá-los, "dialogá-los" e fazer deles um só, um "eu". 
Sou conjunto de pequeninos e mistura gigante deles. Quero o mundo, quero o fundo, quero o alvo, quero o céu. 
Correr? Sempre! Mas sem perder nenhum detalhe. Se necessário, reduzo a velocidade, paro ou até mesmo sento para um descanso. Faz parte da estrada, do chão, das curvas.
O relógio vai girando, o tempo vai passando e meu mundo despertando. Ele dá mais voltas, abandona medidas, esquece as horas, lembra os segundos e os reflexos. Observa todos os ângulos pra tentar levar consigo todos os mundos, planetas e perigos.
Quero ir, quero fluir. Inventar, saltar, sorrir. Não vou só, tenhos pés, mãos, olhos e universos. 
E você, nos acompanha?

12 de março de 2010

sobre o impossível e o improvável

ju; diz:
 pq frustração?
lu diz:
 porque a vida é frustrante
 não tem lugar pra todo mundo
 e o mundo fica querendo desebar e você tem que ficar feito idiota descobrindo como faz pra segurar
 e a gente se frustra porque pensava que era tudo facinho, na limpeza
 basicamente isso
 haha
ju; diz:
 ah tá
 só isso?
 IUASHDIUHAIDUUA
 isso foi ironico
lu diz:
 hahaha
 eu sei que foi
 hahaah
 mas enfim
 tu me entende
 certeza que me entende
 mas eu nem ligo
 é como diz uma musica que fala de Deus: posso enfrentar o que for, eu sei quem luta por mim, meus planos não podem ser frustrados. minha esperança está nas mãos do Grande eu sou, meus olhos vão ver o impossível acontecer!
 a gente é capaz do impossivel, é só começar a chamar o impossivel de improvavel
 e a gente é de humanas e não tá nem ai pra probabilidade
 então
 NEM LIGO!
ju; diz:
 AHAHHAHAHAHA
 nem ligo sempre!

2 de março de 2010

Não existe nada impossível, apenas coisas improváveis. ;)

3 de fevereiro de 2010

De volta.

Preciso de você.
Preciso que me diga 
como anda a vida 
após toda essa morte, 
que me traga de volta o norte. 
Que me descreva a sua visão, 
que venha somar coração 
onde já não bate vida, 
que, porém, ainda pulsa
ao tempo que expulsa 
pouco a pouco esse pesar 
e induz a respirar. 
Quero a tua opinião, 
que me invada dos teus achismos 
e que aponte todos os rumos 
que é capaz de enxergar. 
Use o lápis pra traçar, 
delimite os caminhos, 
fale, escreva, grite! 
Eu ainda estou aqui, 
quero aprender o possível
para me comunicar, 
porque sei que estás aqui, 
por perto, em algum lugar.

29 de janeiro de 2010

Samba da Grande Nota de Um Amor Só.

Vou no samba, meio bamba, com a cara e o coração,
Me misturo, caladinho,
Sambo, sambo, com carinho
Vou vivendo a água e pão.


Fico aqui nesse sambinha que é de uma nota só,
Vou tocando, vou dormindo,
Oscilando, descobrindo,
Pra que nada vire nó.

Entre os calos de seus dedos o samba foi a procura,
E além de toda tristeza,
encontrou tanta beleza
Que esqueceu a parte escura.
 
Ah, o samba veio a mim
Fez questão, me provocou
Me falou pra eu ir assim
Procurando o grande amor.








Pra quem conhece as músicas "Samba do grande amor" (Chico Buarque) e "Samba de uma nota só"  (Tom Jobin)

20 de janeiro de 2010

Seu

Não, não cabe numa página de internet, não cabe num blog. Acho que não cabe nem mesmo dentro de mim. Enche, transborda, vai além. Além do que se vê, e do que NÃO se vê. Ocupa todos os espaços, e sobra. E falta também.
Está por todo lado, fugir não é uma opção. E, mesmo assim, fugir pra quê? Quero é ficar por aqui, nesse lugar, nesse abrigo de tantas certezas.
É um sopro surreal. Quero poder guardar numa caixinha, bem guardadinho e escondidinho, pra que só eu saiba onde está, pra que seja só meu o cheiro dessa brisa.
Lágrimas e sorrisos. Tão diferentes, mas tão semelhantes. Ah, minhas lágrimas são só sorrisos! São expressão dessa arte aqui de dentro. Dessa arte egoísta, minha! Só minha.

Medo? "Claro que não!". Amor, apenas amor.

19 de janeiro de 2010

Metaforicamente falando.

Alguma metáfora viva.

A vida-bem-viva de repente enxerga pedaços sendo jogados sobre si que poderiam ser tomados como pedaços de morte.

A metáfora, por sua vez, não só enxerga, como também mostra, faz com que aqueles que a leem, percebam que são pedaços de vida-muito-mais-viva, partes que confirmam a intensidade do nascer.

As marcas concretas, são só as cicatrizes. O depois vem cheio de impulso, força e coragem para pisar. Não, não só pisar, mas muito além disso, CAMINHAR!

A descoberta da confiança! Quando a metáfora risca de si o medo, confia. E caminha. De passo em passo, cheia de equilíbrio.

Apenas sorrisos. Palavras que expressam um começo, somente linhas iniciadas pela letra A.



Apenas mais um passo.

18 de janeiro de 2010

Um pouco de mim e das palavras.

Retorno.
Refazer, reutilizar, reestruturar, redesenhar (...)
Revolta? Re-volta? Ré, volta?

Por que será que a gente tem mania de olhar pra trás? Eu quero ver o que tá lá na frente. Misturar o que veio comigo e criar, fazer mais, somar. Só mar.



Preconceituar, premeditar, pressentir, preestabelecer (...)

Predominar? Pre-dominar? Pré-dominar?

Por que será que a gente se antecipa tanto ao invés de deixar as coisas simplesmente acontecerem? Eu quero permitir que a vida venha a mim. Olhar pra frente sim, manipular, jamais. Já mais!

Preparar? Pre-parar? Pré parar? Não, não.

15 de janeiro de 2010

Mistura - parte II

Quando não sei o que pensar, acabo escrevendo pra ver se meus dedos resolvem me dizer algo a meu respeito. Isso faz parte do auto-conhecimento, oras! É preciso falar pra si mesmo. Mas eu ando tão confusa que tô com dificuldades pra me dividir em duas e dialogar. Vai ver é por isso que tenho dormido tanto, na esperança de, de olhos fechados, encontrar esse alguém (que no caso da escrita são os meus dedos), mas só agora parei pra pensar que isso não é uma boa estratégia considerando que tenho probleminhas de memória. Quando eu acordo, já esqueci!
Talvez uma boa estratégia seja me inspirar em arthur e "monologar" como ele. Mas assim como ele disse: "não sou escritor, nem sou Luana", devo dizer: "não sou monologadora, nem sou Arthur". Acho que isso quer dizer que me ferrei. HAHAHA
Quero ir, tô indo, sei lá! Ah, acho que entendi... Me deixar ir?! Tô a fim de sair daqui. Mas quer saber? Também quero ficar. Já sei, já sei... Vem tu pra cá! QUÊ?


Ops, desculpa ai. Me "empolguei" e surtei :P


ps. acabou sendo uma continuação do post anterior, né?

8 de janeiro de 2010

Mistura

Tenho pensado muito durante essas últimas semanas, em muita coisa que eu acho que seria interessante de colocar aqui. O problema é que eu não sei escrever, sabe? Meus pesamentos andam meio bagunçados, acho. Meio misturados, sabe? Me perdoa por não estar compartilhando, não é egoísmo, mas a maioria das coisas que tem surgido na minha cabeça, eu não sei escrever, estranho, né? Isso é ruim pra mim. Expressar pensamentos, ou melhor, praticamente cuspi-los, me faz muito bem. Ando angustiada por olhar pra essa árvore que plantei e não saber regá-la.
 Sei lá, tenho achado a vida parecida com um aeroporto, sabe? Cheia de despedidas, encontros e reecontros (e, com certeza, muitos voos e muitas viagens, né, LUANA-louca?). A diferença é que o aeroporto é dividido em setores, andares, enquanto a vida... Ah, a vida mistura tudo, não só as coisas concretas, mas também essa explosão de abstração indescritível, como a que anda rodeando a minha cabecinha ;)

(Pausa para pensar em como transformar mais alguma coisa em palavras).

Tá. Acho que pausas não são tão construtivas. Acabei me perdendo em mim mesma. Sr. Raciocínio, vem cá, preciso de você! Drogas, tá perdido. Não consigo mais organizar nada e, como sempre, meu caro leitor (imaginário), isso vai sobrar pra você que novamente vai ter que me desculpar!

ps. aprendizado de hoje: pausas são coisas muito feias e não merecem credibilidade.
pps. espero conseguir dar continuidde a esse post!