29 de junho de 2010

Comunicação

Quero escrever mas ainda não aprendi. Ainda não sei o que devo dizer. Na verdade nem tenho certeza do que já te fiz ler e não sei bem sobre o que estive falando. Talvez sempre sobre a mesma coisa, talvez sobre assuntos diferentes e inusitados.
As palavras não se encaixam, não se arrumam. Aliás, não no formato daí de fora, não para serem vistas claramente por quem as vê de fora pra dentro, mas do jeitinho daqui de dentro, do outro lado do espelho. Daqui, vejo tudo arrumado, organizado, mas olho pro outro lado e vejo também o teu rosto de dúvida. Através dele você me diz que sabe que daqui as letrinhas ficam mais nítidas e é possível enxergar perfeitamente, palavra por palavra, mas me diz também que tem se esforçado, angustiado, mas não consegue ver com os meus olhos. Te vejo ai se perguntando por onde estão meus olhos. Desculpe. Me dói não poder te explicar, te peço que acredite que não é minha culpa. 
Você quer passar de uma vez pro lado de cá, curioso, e eu quero te fazer uma visita para aprender a conversar contigo e, quem sabe, finalmente te fazer entender como eu (ou minhas mãos, ou meus olhos, ou seja lá o que for) funciono. Por enquanto, ainda não consegui pular esse muro, atravessar esse espelho, mas logo que puder, confie em mim, eu vou.
Todas as vezes, transmito a mensagem até ai e me parece natural. Escrevo linha por linha, rapidamente, nesse vidro que nos separa. Você olha e pensa: "ela não sabe escrever!".
Ops! Vou ter que mudar o rumo da minha auto-análise! Acabo de descobrir o que é talvez o verdadeiro "problema": talvez eu não saiba ler! Ora, quem não sabe ler certamente nunca escreveu duas palavras sequer! Devo estar tentando atropelar as coisas. Só depois que eu souber fazer uma boa leitura em teu formtato, posso aprender também a reorganizar as minhas palavras. Por favor, me ensina?!









Obs. Acho que nunca tinha conseguido ser tão objetiva nos meus posts!

19 de junho de 2010

A Gota D'água.

Aaah, como é bom suspirar através de palavras! Depois de um período cansado, nada melhor do que deixar os dedinhos irem batendo no teclado pra escreverem o que der vontade. Sem regras e nem formatações. 
Hoje liguei a tv e vi água, muita água! Enquanto procuro os contornos perdidos, apenas encontro água. Ondas sem fôlego se formam no céu e as gotas, que embora caiam com tanto cuidado, encontram os lugares errados para deitar-se, depositando-se umas sobre as outras, sufocando-se e inquietando-se em ondas de medo. Procuro o chão bem varrido e polido, o aroma suave das flores que dão ao meu lugar um colorido vivo. Vejo-as regadas demais, tornaram-se túrgidas e estão envolvidas num balanço bonito de ser ver dentro das ondas desgovernadas. Algumas das gotas caem no telhado - única parte que ainda posso enxergar como antes, agora limpo e com uma cor viva de barro avermelhado -, seguem pelos únicos contornos que ainda restam, deslizam sutis, escorrem e, devagar passam a fazer parte do pequeno mar que afoga as flores.
A chuva entre mim é o sol criou uma massa cinzenta, mas ainda posso ver uma luz infinita e fios de raios amarelos e cheios de vida em minha direção. Vou puxá-lo pelos raios, vou chamá-lo, gritar por ele até que me escute e com um sorriso branco estonteante venha atrair gotinha por gotinha, deixando como lembrança apenas o chão úmido debaixo dos meus pés. Vou perdir-lhe que deixe as crianças-de-água voarem em volta de si, felizes, num voo sincronizado e divertido, gerando risadas gostosas regadas de inocência.
Seus olhos emocionaram-se com o meu chamado. Confio nele, confio na sua luz e ele pôde notar isso através da transparência dos meus olhos. Eu lhe dou força para atravessar as nuvens pesadas e ele me dá, através dos seus olhos molhados de emoção, o maior motivo que tenho para acreditar que as gotinhas vão voltar, uma por uma aos seus devidos lugares. 
Só então minhas flores vão chorar, suas células antes esticadas e vulneráveis vão se esvaziar e toda a água que elas abrigavam "floemará" para somente umedecer a terra. Quando isso acontecer, vou apenas deitar no chão, olhando para o azul riscado de branco no céu, respirar o cheiro de terra molhada misturado com o cheio inexplicável das tuas mãos, que vão tocar o meu rosto e depois correr pelos meus cabelos.

Tudo branco

Frustração. Como é possível que toda aquela primavera seja tomada e varrida por uma imensa bola de neve, gelada e ritmada? Tudo foi consumido, restam apenas algumas pétalas no chão e uma ou outra flor que ainda tem a raíz frágil. Não deveriam ter resistido. Todo aquele gelo e ar frio podiam ter levado tudo mas, de alguma forma, sobraram alguns vestígios.
Pensamentos que não devem ser traduzidos, palavras que não merecem ser ditas. Interpretações incoerentes são amores perigosos. O cara e coroa, um lado e o outro da moeda decidem apenas o início da partida, mas não se pode prever o placar.
Então eu fico por aqui, dentro dessa relativa indiferença.









esse post tava aqui nos rascunhos e eu nem lembrava ;)