22 de maio de 2010

Retorno a novos ares

Após atingir alta velocidade, se inicia a calmaria, o sono profundo, o eu sozinho. Mas não, não dura muito. Depois de tanto desejar e finalmente alcançar momentos de paz e descanso, a maior vontade durante esse percurso que é agora sóbrio e inerte é de voltar a escutar o mundo girar rapidamente, o lápis a riscar o papel e as muitas e constantes falas de todas as vozes e em todos os ritmos.
Enfim novamente é possível ouvir o rugir dos motores, percebo que é chegada a hora de recomeçar a acelerar. Expectativas e ansiedades que foram bem guardadinhas por um tempo, agora começam aos poucos a escapar. Surge bem de dentro um olhar interrogativo e perdido a respeito de como tudo vai tomar impulso e se libertar assim como ocorreu um tempo atrás. Os títulos ganharam os itens do novo índice e se dá início um respirar fundo que antecede a introdução. Pensar, pensar para finalmente escrever, fazer e agir para uma adaptação da qual só se espera ser (finalmente) equilibrada e menos dolorosa. 
Lembrar... Lembrar de utilizar os momentos "aprendidos" e de onde estão as forças para manter-se acordado, alerta. É chegada a hora de assistir aos filmes que foram gravados e aperfeiçoar os papéis e personagens. Reler o roteiro, modificar algumas falas e se preparar para iniciar as novas gravações.
Voltar a subir, sair desse "descanso" entre os degraus, que só agora percebi estar disfarçado e que na verdade se chama tormento. É preciso estar sempre um pouco mais acima, se elevar sem parar nem descer no objetivo de chegar ao topo com asas perfeitamente formadas para poder experimentar um voo tranquilo, uma experiência que jamais foi vivida. Talvez por acomodação nesse infinito desejo de chegar ao fim da imensa subida, de evoluir mais e mais, os seres humanos não sejam capazes de voar.
O alvo? Não apenas realização, mas caminhar com segurança na corda-bamba que é a vida.

10 de maio de 2010

Segundos de overloque

Parou no meio da estrada, sem que ninguém escolhesse o trecho. Dentro do meu egoísmo atemporal, "incronológico", não sou capaz de situar. Que parte do caminho os raios de sol vão iluminar primeiro? Onde está o avesso? Onde está o certo? Pra que lado está o mar?
Numa linguagem distante, só é possível entender que o de dentro faz parte do de fora. Vivi o que não vivi, joguei cartas que não joguei num tempo que não pode ser chamado de passado, presente, nem futuro. Respiro momentos não meus, que nasceram antes de mim. Desloco o tempo, as cores, os aromas e lugares.
O caminho? Não sei. A estrada? Perdi. As histórias? Estão por ai, desorganizadas sem saber onde despertar. São simultâneas e distantes, embora escritas por uma mesma tinta.
Sorteio as palavras, escrevo o MEU avesso, pulo overloques, nada de linhas! Pontuo espaços aleatórios, perdidos. Permito que desvende tudo, mas falo apenas o que sou capaz, uns pequenos fiapos de som. Que fique guardado, que voe no avesso, que vire e revire ao lado comum.

É o antes, o depois, o sempre. Tudo no devido avesso do avesso do avesso do avesso...